Essa linha de pesquisa promove a reflexão de como a vivência artística, enquanto forma de realização sensível que amplia o repertório, pode ser transformadora na formação do designer. Nesse sentido, reflete-se acerca do conteúdo programático de disciplinas de graduação em Design que privilegiam o discurso sobre o campo que insere o pensar e fazer Design de maneira pragmática, sem tornar relevante os aspectos das subjetividades das pessoas envolvidas em um processo projetivo.
Deve-se ter em vista que
“na história do Design, medidas reguladoras têm sido formuladas com o intuito de garantir qual será o resultado do processo de recepção de conteúdo. Desse modo, a referência é posta como tal por instituições que as legitimam. Deve-se ter em vista que, no âmbito do Design, a escola modernista europeia, a partir das primeiras décadas do século XX, tornou-se uma medida reguladora, uma referência irrevogável para o mundo durante muito tempo — quiçá até os dias atuais, em determinados contextos. Quer dizer que a produção em Design Gráfico é, de modo geral, regida pelo paradigma funcionalista, o qual se expressa pela regularidade de estruturas e de elementos gráficos; por isso, é chamado aqui de “alfabeto regular”, isto é, uma série de características convencionalizadas com o intuito de obter a regularidade funcional. Um exemplo são os sistemas de grid utilizados para a disposição de conteúdos verbais e não verbais em uma página para mecanizar a apreciação de um leitor. [...] Ao tratar do paradigma funcionalista, a autora Mônica Pujol Romero (2011, p. 19) desenvolve que os “pressupostos ontológicos estimulam a crença na possibilidade de um design como disciplina social objetiva e livre de valores, na qual o designer está distanciado da cena que está sendo analisada por meio do rigor e da técnica do método projetual”. No limite, o designer chega a desconsiderar as referências de seu entorno sociocultural e passa a produzir sob a orientação reguladora da escola modernista” (ARAUJO, G. G. DE. A formação em design à margem do centro e a possível ruptura do alfabeto regular. albuquerque: revista de história, v. 14, n. 27, p. 119-136, 30 jun. 2022).